Meus queridos
Ainda acerca dos números, deixo-vos agora os seguintes conceitos:
1 – Segundo o Tantra, o bindu, ponto de energia primordial, o púrusha, gera a matéria primordial, prakrutí, constituída por três qualidades (Triguna): sattwa (essência, silêncio [recordam-se do ensinamento que nos diz que quem fala não sabe; quem sabe não fala?]); rájas (energia, paixão) e tamas (substância, inércia). No início, encontram-se em harmonia. Pela acção desequilibram-se e dão origem a todas as formas e números do Universo.
2- Temos o um ( . ) temos o dois ( — ) , que ao juntarem-se , com a relação que estabelecem, dão origem ao três . Quase poderíamos dizer: o pai, a mãe e o filho. É a base de muitas trindades, mesmo a católica, que quer disfarçar a mãe através da designação de espírito santo. Mas durante séculos o espírito santo foi apelidado de Sofia – sabedoria.
3– Por vezes surge a designação da harmonia das esferas. Há, na tradição da numerologia, alguns considerandos sobre isto. Esta tese, que se saiba tem origem em Pitágoras. Segundo a lenda, Pitágoras, um dia, ouviu os ferreiros numa oficina a baterem com vários martelos em metal que trabalhavam em cima de uma bigorna. E concluiu que os sons podem ser expressos em números e em proporções geométricas. E daí saltou para a teoria de que o Universo é composto por números que se relacionam em proporções harmoniosas. Assim, tanto o microcosmos, como o macrocosmos se relacionam segundo uma proporcionalidade ideal. E chegou a atribuir uma nota a cada planeta, que se determinaria pela velocidade de rotação deste. A distância entre planetas estaria relacionada com intervalos musicais. Kepler veio, mais tarde, a tornar o sistema ainda mais complexo. Mas hoje não vos falarei de Kepler.
4- Haveriam 9 esferas, no céu estrelado. E entre a terra e essa zona haveria um intervalo de uma oitava completa. A escola pitagórica ensinava que as sete fases da oitava compunham o universo [para os que fizeram o curso de meditação comigo, recordar-se-ão do quaternário inferior e do ternário superior e da evolução do quadrado ao círculo através das oito partes?], pois o sete, ensinava, combina a trindade com os quatro elementos (terra, água, fogo e ar). Para Pitágoras é nos intervalos consonânticos das oitavas, quintas e quartas que se encontra a origem do Universo. Dizia Pitágoras que se avançássemos do 1 ao 4, surgir-nos-ia a mãe primordial de todas as coisas – o 10. Como ontem já vos tinha referido, 1 + 2 + 3 + 4 = 10. Toda a criação está contida nesta fórmula. Temos o Um, o Dois, a relação entre eles, o Três e os quatro elementos esotéricos, com que a prakruti vai trabalhar para dar origem ao universo. Temos o quaternário, temos a ternário superior. Temos o oito – o método. Temos os nove, a iniciação. Temos as proporções e até uma muito interessante. No sete, a distância que vai do Um ao quatro é a mesma que vai do quatro ao sete.
Por hoje chega de números.
SwáSthya
(C)Copyright, João Camacho, Yôgachárya
Discípulo do Mestre DeRose
«Sou irmão de dragões e companheiro de corujas.»