O nosso método de Yôga, com as raízes Sámkhya e Tantra, tem uma estrutura de prática composta por oito principais famílias de técnicas, ashtánga sádhana, o que é uma das suas características, a sistematização óctupla. Analisam-se agora os seus oito módulos, e a sua mecânica, pela ordem com que se organizam no ády ashtánga sádhana – prática (sádhana) fundamental (adi) em oito (ashta) partes (anga):
1) – Mudrá
Gesto reflexológico, simbólico e magnético feito com as mãos. Permite ao sádhaka atingir um estado de receptividade superlativo, no qual estará disponível para receber o Yôga. Poderá já neste estado atingir elevados níveis de concentração.
2) – Pújá (manasika pújá)
Retribuição ética de energia. Funciona como uma saudação Divide-se em quatro partes e permite ao sádhaka uma perfeita sintonia com a egrégora da linhagem, possibilitando uma perfeita troca de energias entre o discípulo e o Mestre. Este funciona como um catalisador que recebe a energia e depois a distribui já devidamente equalizada. De um bom pújá depende uma boa aula. Habitualmente divide-se em quatro partes:
bhávan pújá | ao local que nos acolhe |
guru pújá | ao instrutor que ministra a prática |
satguru pújá | ao mestre do instrutor |
Shiva pújá | ao criador do Yôga |
3) Mantra (vaikhari mantra; kirtana e japa)
Vocalização de sons e ultra-sons. Domínio do som e do ultra-som. Permite desobstruir as nádí, para que o prána possa circular livremente por elas. O mantra divide-se em kirtana, com efeito psicológico extroversor e em japa, com efeito psicológico introversor. Poderá ainda ser saguna e nirguna mantra.
4) – Pránáyáma
Expansão da bioenergia através de exercícios respiratórios. São os exercícios que permitem captar e expandir o prána, para que este circule nas nádí e revitalize todo o organismo, estimulando ainda os milhares de pequenos e secundários chakra que temos por todo o corpo. Há uma limpeza a nível energético.
5) – Kriyá
Actividade de purificação de mucosas. São exercícios que têm por finalidade auxiliar à limpeza do organismo a nível físico, preparando o corpo para o anga seguinte.
6) – Ásana
Atitude corporal ou posição psicofísica. Produzem efeitos extraordinários para a mente e o corpo, proporcionando flexibilidade, boa forma, musculatura poderosa e bem definida, equilíbrio do peso e saúde. Alargam e fortalecem as nádí.
7) – Yôganidrá
Técnica de relaxação. É neste anga que o sádhaka assimila e sente a manifestação dos efeitos produzidos por todos os anga anteriores, conjuntamente com uma boa descontracção nervosa e muscular. O Yôganidrá utiliza para proporcionar o máximo de efeitos a melhor posição para relaxar, a melhor inclinação do corpo em relação à gravidade, a melhor luz, a melhor cor, a melhor indução, etc.
8) – Sámyama
Técnicas de concentração, meditação e outras práticas mais adiantadas (samádhi). Sámyama é o termo utilizado por Pátañjali para designar «ao mesmo tempo» o dháraná (concentração), o dhyána (meditação) e o samádhi (ênstase).
Há três grandes famílias de técnicas de meditação:
1º grau | – | yantra dhyána; |
2º grau | – | mantra dhyána; |
3º grau | – | tantra dhyána. |
Se o praticante conseguirá fazer tudo de uma assentada – sámyama, – isto é, concentrar-se, meditar e atingir samádhi ou não, isso só depende do seu grau de adiantamento. Também depende do grau de adiantamento o tipo de técnica de meditação que deverá utilizar. O iniciante deverá utilizar uma técnica de 1º grau, o veterano deverá utilizar de 2º grau e os iniciados deverão utilizar de 3º grau.
Este anga por vezes também é designado por dhyána, meditação.
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